E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse. . .
Mas você não morre,
você é duro José !
Sozinho no escuro,
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
Você marcha, José !
José, para onde ?
Poema de Carlos Drummond de Andrade
sábado, 24 de novembro de 2007
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4 comentários:
Beijinhos á filhota mais linda da minha loira linda.
Belo o poema.
+Beijos :):)
filha mais linda do mundo
liga á mami amanhã
amt mto
beijos grandes do bábá
jójó
tininha
gostei do teu comentário...
a surpresa foi um presente lindo
olá
tenho saudades...
Bom fim de semana
Não sei a quem me dirigir... à Lola que já me visitou? Não interessa.
Como já sou uma pessoa crescida, dou-te um conselho. Queres que te visitem? Óptimo.
Enytão vais por aí e quando vires um assunto que te interesse, faz um comentário a propósito, e depois outro, e depois outro. São uns dias e vais ver que a resposta vai chegando, pelo que tu escreves, não porque tu pedes. OK?
Boa sorte e vou passando para ver.
Beijinhos
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